28 fevereiro 2012

Sobe e Desce


JEFFERS, Oliver, Sobe e Desce, s/l, Orfeu Mini, 2012

Foi lançada neste Sábado a segunda história do menino e do pinguim de Oliver Jeffers, editado em Portugal pela Orfeu Mini. Sobe e Desce é a sequela de Perdido e Achado. Para quem não leu o primeiro livro, nestes dois livros da série contam-se as aventuras de dois amigos inseparáveis, um menino e  um pinguim. Em Perdido e Achado, as duas personagens encontram-se e, depois de longas peripécias — que incluem a devolução do pinguim ao pólo de onde veio —, descobrem que aquilo de que precisam mesmo é da companhia um do outro. Se, no primeiro livro, é o rapaz que tenta, com a melhor das intenções, devolver o pinguim perdido a casa, neste livro, cabe ao pinguim tentar aprender a voar e, para tal, decide que é uma aprendizagem que deve fazer por si só, para descobrir, no fim, que aquilo de que precisava mesmo era da ajuda e presença do amigo durante esta nova experiência.
Falar dos livros de Oliver Jeffers nunca é uma tarefa muito fácil. A grande virtude, tanto gráfica, como narrativa destas histórias está na sua enorme simplicidade — diria talvez até infantilidade, mas sem nunca ser condescendente ou "infantilóide"— não há nunca, excepto se a narrativa assim o pedir — veja-se, por  exemplo o caso das páginas dedicadas ao circo neste livro —, excessos de linguagem ou de imagem. Tudo, desde a aparente simplicidade das ilustrações, às frases curtas do texto nos remete para um ambiente muito mais próximo do mundo infantil do que do mundo dos adultos. Ao entrar na história, as próprias regras que regem o universo onde ela tem lugar não estão filtradas pelas contingências da realidade adulta. É um universo dos possíveis que obedece às regras e à lógica das crianças e do jogo sem a interferência castradora da realidade e, ainda, onde tudo é sentido pelos protagonistas com a intensidade e perseverança típicas de uma criança pequena. A tudo isto, acrescente-se apenas o humor britânico do autor que cria situações e trocadilhos que, piscando o olho aos adultos pelo absurdo das situações ou raciocínios — perfeitamente lógicos e óbvios dentro do contexto onde estão inseridos —, não está nunca a ridicularizar ou a desrespeitar as suas personagens nem os seus leitores mais novos.
Só nos resta referir que, embora estes sejam provavelmente os livros mais conhecidos — foi feita uma animação do primeiro —, não deixa de ser pena que os títulos desta série estejam a ser lançados fora de ordem. Embora possa parecer que estes dois livros formem uma colecção, estas duas aventuras inserem-se numa série de quatro livros sobre as aventuras do rapaz, sendo que a primeira, ainda sem pinguim, é o How to Catch a Star (Como Apanhar uma Estrela) e a terceira, onde o pinguim aparece apenas numa imagem, é o The Way Back Home (O Caminho de Volta Para Casa) — onde, aliás, se explica por que motivo o avião do menino não tem combustível.