15 junho 2011

Quando a tristeza é uma arte

TAN, Shaun, A Árvore Vermelha, Matosinhos, Kalandraka, 2011, 40 pp.

Este autor australiano foi, sem dúvida, a grande descoberta deste ano na Feira do Livro. Tem dois livros publicados este ano em Portugal (este, pela Kalandraka, e os Contos dos Subúrbios, pela Contraponto).
N' A Árvore Vermelha, Shaun Tan fala e pinta a tristeza. O livro abre com a menina, no quarto, ao acordar e fecha com o seu regresso ao quarto, no final do dia, depois de um penoso percurso pelas suas emoções. 
Para descrever esta viagem pelos sentimentos da personagem cujo "dia começa sem expectativas" e a quem "as coisas vão de mal a pior", o autor usa frases curtas e umas espantosas ilustrações que transmitem toda a angústia que é vivida pela menina. A solidão, a alienação e o caos, entre outros, vão assombrar todos os movimentos desta personagem. No início, o seu quarto é invadido por folhas mortas e só no final, quando regressa a esse espaço, encontra uma pequena planta vermelha, que depressa se transforma numa árvore, e que traz com ela a esperança. 
Este é um livro fantástico para se reflectir sobre a tristeza, sobre as imagens e metáforas que utilizamos para a descrever (veja-se aqui a explicação do autor sobre o livro e a sua concepção) e ainda sobre a forma como os nossos sentimentos podem influenciar tudo o que nos rodeia (note-se, por exemplo, que em todas as páginas está sempre escondida uma folha da árvore vermelha).


 a tristeza apodera-se de ti

ninguém te compreende

 sem lógica nem sentido

por vezes, tu simplesmente não sabes o que fazer

ou o que te espera

tal como a tinhas imaginado

Para saber mais sobre o autor pode consultar a sua página pessoal: Shaun Tan. Deixo ainda uma animação feita por uma admiradora do livro: