15 junho 2011

Quando a tristeza é uma arte

TAN, Shaun, A Árvore Vermelha, Matosinhos, Kalandraka, 2011, 40 pp.

Este autor australiano foi, sem dúvida, a grande descoberta deste ano na Feira do Livro. Tem dois livros publicados este ano em Portugal (este, pela Kalandraka, e os Contos dos Subúrbios, pela Contraponto).
N' A Árvore Vermelha, Shaun Tan fala e pinta a tristeza. O livro abre com a menina, no quarto, ao acordar e fecha com o seu regresso ao quarto, no final do dia, depois de um penoso percurso pelas suas emoções. 
Para descrever esta viagem pelos sentimentos da personagem cujo "dia começa sem expectativas" e a quem "as coisas vão de mal a pior", o autor usa frases curtas e umas espantosas ilustrações que transmitem toda a angústia que é vivida pela menina. A solidão, a alienação e o caos, entre outros, vão assombrar todos os movimentos desta personagem. No início, o seu quarto é invadido por folhas mortas e só no final, quando regressa a esse espaço, encontra uma pequena planta vermelha, que depressa se transforma numa árvore, e que traz com ela a esperança. 
Este é um livro fantástico para se reflectir sobre a tristeza, sobre as imagens e metáforas que utilizamos para a descrever (veja-se aqui a explicação do autor sobre o livro e a sua concepção) e ainda sobre a forma como os nossos sentimentos podem influenciar tudo o que nos rodeia (note-se, por exemplo, que em todas as páginas está sempre escondida uma folha da árvore vermelha).


 a tristeza apodera-se de ti

ninguém te compreende

 sem lógica nem sentido

por vezes, tu simplesmente não sabes o que fazer

ou o que te espera

tal como a tinhas imaginado

Para saber mais sobre o autor pode consultar a sua página pessoal: Shaun Tan. Deixo ainda uma animação feita por uma admiradora do livro:







18 maio 2011

Livros de Instruções II (que gostaríamos de ver por cá)

GAIMAN, Neil e VESS, Charles (il.), Instructions, Londres, Bloomsbury, 2010

É impossível falar de poemas ilustrados com instruções sem falar deste maravilhoso e incontornável livro de Neil Gaiman e Charles Vess. Publicado pela primeira vez em 2000 numa recolha de vários autores, A Wolf at the Door, e retomado em Fragile Things — recolha de contos e poemas de Neil Gaiman —, este extraordinário texto teve finalmente honras de livro com as fantásticas ilustrações de Charles Vess. Do texto, podemos dizer que se trata de um manual de instruções para se fazer uma viagem pelos contos de fadas, tem indicações sobre o caminho a seguir "Touch the wooden gate" ("Toca no portão de madeira"), sobre o comportamento a ter "They may do favors for you, if you are polite" ("Podem fazer-te favores, se fores bem educado"), perigos a evitar "Trust the wolves, but do not tell them where you are going"("Confia nos lobos, mas não lhes digas para onde vais") e muito mais.

Deixo aqui o vídeo promocional da editora (com o texto lido pelo autor)




Livros de Instruções I



PREVERT, Jacques e GERSTEIN, Mordicai (il.), Para Fazer o Retrato de um Pássaro, Matosinhos, Kalandraka, 2011


"Je n’écris pas sur les oiseaux,
je n’écris pas sur un cage,
j’écris sur du papier posé sur une table." PREVERT, J., in
Fatras
("Não escrevo sobre pássaros,/ não escrevo sobre uma gaiola,/ escrevo sobre papel poisado sobre uma mesa.")

Este novo livro da Kalandraka traz-nos a tradução e a ilustração de um lindíssimo poema de Jacques Prévert escrito em 1943 e dedicado a Elsa Henríquez por ocasião de uma sua exposição. Ao ilustrar este poema, Mordicai Gerstein consegue tornar visíveis os apregoados paciência, esforço e dedicação necessários a esta tarefa, mas sobretudo, mostrar, a um público mais pequeno, que num quadro também estão representados "a frescura do vento/ a poeira do sol/ e o zumbido dos insectos no calor do Verão" (pp. 23-24).

Embora recomendemos vivamente este fantástico livro, que demonstra que a poesia não tem que ser séria, complicada, repleta de palavras difíceis ou sequer ter rima, não podemos deixar de ter pena que esta boa tradução do poema de Prévert — que corrige algumas das incorrecções da tradução/adaptação do original inglês — não tenha também abolido o uso da pontuação — no original este poema tem apenas reticências a seguir a "sem se mexer..." e um ponto final no último verso ("e escreve o teu nome num canto do quadro.") — ou introduzido uma qualquer nota, ou talvez um parêntesis recto em vez do curvo, para explicar que a frase com que se fecha o livro não é da autoria de Prévert, mas sim, um acrescento de Gerstein na tradução/adaptação do original inglês.

Para saber mais, consultar o site da editora portuguesa, a Kalandraka, ou da Macmillan onde é possível ver-se o livro completo em inglês.

deixo-vos a tradução portuguesa de Eugénio de Andrade

Pinta primeiro uma gaiola
com a porta aberta
pinta a seguir
qualquer coisa bonita
qualquer coisa simples
qualquer coisa bela
qualquer coisa útil
para o pássaro
agora encosta a tela a uma árvore
num jardim
num bosque
ou até numa floresta
esconde-te atrás da árvore
sem dizeres nada
sem te mexeres...
Às vezes o pássaro não demora
mas pode também levar anos
antes que se decida
Não deves desanimar
espera
espera anos se for preciso
a rapidez ou a lentidão da chegada
do pássaro não tem qualquer relação
com o acabamento do quadro
Quando o pássaro chegar
se chegar
mergulha no mais fundo silêncio
espera que o pássaro entre na gaiola
e quando tiver entrado
fecha a porta devagarinho com o pincel
depois
apaga uma a uma todas as grades
com cuidado não vás tocar nalguma das penas
Faz a seguir o retrato da árvore
escolhendo o mais belo dos ramos
para o pássaro
pinta também o verde da folhagem a frescura do vento
a poeira do sol
e o ruído dos bichos entre as ervas no calor do verão
e agora espera que o pássaro se decida a cantar
se o pássaro não cantar
é mau sinal
é sinal que o quadro não presta
mas se cantar é bom sinal
sinal de que podes assinar
então arranca com muito cuidado
uma das penas do pássaro
e escreve o teu nome num canto do quadro.
 

e algumas ilustrações

Pintar depois alguma coisa bonita,/ alguma coisa simples/ 
alguma coisa bela/ alguma coisa útil para o pássaro.

Encostar depois a tela a uma árvore, num jardim,/
num parque 


ou numa floresta.




20 abril 2011

Novo site

Enquanto não escrevo os milhentos posts que este autor merece, deixo-vos o novo site dele.
www.oliverjeffers.com

Livros que gostaríamos de ver por cá

GRAVETT, Emily, Monkey and Me, Londres, Macmillan Children's Books, 2008

Este livro de Emily Gravett destina-se aos mais pequenos. Com um texto muito simples, em tom de lenga-lenga — "Monkey and me,/ Monkey and me/, Monkey and me,/ We went to see,/ We went to see some..." — e umas fantásticas ilustrações que seguem a mesma linha — apenas se retratam as personagens e os animais — mostra uma brincadeira entre uma menina e o seu boneco. Nas primeiras páginas par e ímpar estão o texto e a menina com o seu macaco de peluche a imitarem os animais que dizem ter ido ver, nas duas páginas seguintes, estão o nome e o animal correspondentes.
Simples, mas muito divertido, este livro presta-se, não apenas a ser lido, mas também jogado, por outro lado, a facilidade com que se aprende o texto — por cá usa-se a tradução "O macaco e eu,/ O macaco e eu,/ Fomos,/ Fomos ver..." — vai ainda permitir que as crianças o "leiam" sozinhas ou que um irmão mais velho o faça. 

Embora ainda não tenha sido publicado por cá, espera-se que o lançamento este ano de outros dois livros desta premiada autora para um público mais velho — O Lobo Não Morde e o Grande Livro dos Medos do Pequeno Rato — pela editora Livros Horizonte seja apenas o princípio de uma grande colecção de livros de Emily Gravett em português.


(Pinguim)

(Canguru)

(Morcego)

Se encomendar este livro pela internet, existem três edições diferentes, uma grande (mesmo grande) para uso em aula, uma de capa mole com um formato tradicional e, por fim, uma de capa dura com papel cartonado.

17 abril 2011

Espelho meu, espelho meu, haverá alguma princesa mais excêntrica do que eu?

ou "tudo o que sempre quis saber sobre princesas, mas teve medo de perguntar"


LECHERMEIER, Philippe e DAUTREMER, Rébecca (il.), Princesas Esquecidas ou Desconhecidas, V.N. de Gaia, Editora Educação Nacional, 2007, pp. 95

Comprar e recensear este livro de Philippe Lechermeier e Rébecca Dautremer cria vários problemas. Por um lado (e começando com a recensão), requer um esforço tremendo para conter o excesso de verborreia, de adjectivação positiva, a transcrição ipsis verbis das inúmeras frases memoráveis e a colagem exaustiva de imagens — como podem ver, nem a contenção se apregoa com parcimónia... Por outro, ao comprar o livro e folheá-lo, deparamo-nos com três grandes dilemas (sim, é um problema comum referido em inúmeras outras recensões); primeiro, o livro é lindo, dá vontade de o expor na mesa da sala, como objecto de arte que é, segundo, embora seja para um público mais velho — a partir dos 8 anos —, imaginá-lo a ser lido no chão, na cama, manuseado com a familiaridade que se deve, transportado de um lado para o outro, etc. é o pesadelo de qualquer adulto — é uma obra de arte!—, e, por fim, há ainda que refrear os instintos assassinos que nos impelem a escortanhar o livro todo para fazer quadros para pôr nas paredes. Enfim... é um DESSES livros.

Posto isto, este livro de princesas, não é, de forma alguma, mais um livro de princesas, é O livro DAS princesas. Como já foi referido, o público-alvo será, provavelmente, constituído por raparigas a partir dos 6/7 anos, mas são as mais velhas — 8 a 10 — que vão conseguir explorar melhor as várias leituras possíveis desta obra. Grande — maior que um A4 e com 95 páginas —, as Princesas Esquecidas ou Desconhecidas estão organizadas de forma enciclopédica. Cada página corresponde a uma ou duas princesas e, quase sempre, temos o texto na página par e a ilustração correspondente na página ímpar. A cada entrada corresponde também uma frase/citação/máxima da autoria de Philippe Lechermeier. Embora sejam todas dignas de nota, citamos algumas, para melhor ilustrar o tom deste livro:

"Sonhar é contar histórias que ainda não se conhecem.", p.10 (Preguiçosa)

"Um capricho não é mais do que uma faísca de mau humor.", p.22 (Caprichosa)

"Quando me esqueço de algo, é uma ideia a brincar às escondidas dentro de mim.", p.36 (Amnésia)

No que toca a estas princesas que a história esqueceu ou ignorou, há para todos os gostos, de todas as etnias, boas, más, bonitas, feias, tagarelas, mimadas, ou apenas excêntricas. Escrito com muito humor, este livro será uma desilusão para as meninas mais pequenas que ainda vivem no mundo das princesas perfeitas cor de rosa e cintilantes das histórias mais tradicionais. No entanto, para as que já estão a ultrapassar essa fase será uma descoberta fascinante, tanto pelas inúmeras leituras possíveis, como pelo estímulo que proporcionam à criatividade e imaginação. O que é apresentado aqui é um mundo sem as características fronteiras do real ou do credível, onde se pode fazer humor sobre nós próprios e sobre as convenções, sem por isso as estarmos a criticar ou rejeitar. 
No entanto, esta enciclopédia não se limita às personagens que trata, é um trabalho exaustivo sobre tudo o que as rodeia e o seu mundo. Como todos sabemos a história da vida de uma princesa começa no berço, e é exactamente essa a primeira entrada, que nos elucida sobre a concepção e apresentação aos amigos da família de tão ilustre criatura, seguem-se ainda espaços tão importantes como a floresta, o jardim ou o amuadouro, personagens como a madrasta, o príncipe ou a confidente, os animais de estimação, os brasões, entre muitos outros. 
No final, encontra-se ainda um guia prático com truques e astúcias para "distinguir uma verdadeira princesa de uma falsa", "acordar princesas adormecidas", ou "calar uma princesa", anúncios de cursos, alugueres e moradas úteis, um teste, provérbios —"É preciso desconfiar da princesa que está a dormir" (provérbio de Grimm), p.88 —, um léxico de expressões usadas pelas princesas — "Ter um sapo ao lume: Estar com pressa, atrasada", p.89 —, uma bibliografia e vários índices. 
De louvar é ainda a tradução/adaptação, da autoria de Lucília Carvalho,  deste difícil texto recheado de intertextualidades, remissões, rimas internas e frases irónicas com segundos sentidos.

"As princesas são contagiosas" (Provérbio surrealista, p.88) e acredite que este é, sem dúvida um dos livros que faltam na biblioteca das suas filhas — ou até mesmo na sua. Depois de saber que existe, acha que pode sobreviver sem saber o que esconde a torre da princesa, como é que se usa uma amuadeira, quais os segredos da famosa princesa com ervilhas?

Viagens, pp. 42-43
"Ser a mesma noutro lugar muda tudo"

Confidente, pp. 34-35 
"Os segredos estão guardados mas o seu único desejo é fugir"

Princesa das Areias, pp. 48-49
"Um dia recolhi no meu jardim o véu vermelho de uma princesa longínqua"

Ólhameh, pp.82-83
"Um dia tão luminoso como uma estrela na noite" 

Se quiser saber mais sobre o livro, pode consultar o site em inglês. Ambos os autores têm páginas pessoais: Philippe Lechermeier (em francês)  Rebécca Dautremer (em francês ou inglês).

De ambos existe ainda o Diário Secreto do Pequeno Polegar também da Editora Educação Nacional que será objecto de um post nas próximas semanas.

13 abril 2011

Fnéc Még assim? Não, obrigada!



Eu até pertenço àquela minoria que chama "lugar do demo" à Fnac, tenho cartão e o dom de me desgraçar sempre que lá vou. Por estes motivos (e mais uns quantos) acho inacreditável a secção dedicada às crianças nesta revista (tanto no nº 1, como no nº 2). Embora tenha sido resgatada das últimas páginas (no número de Março), a qualidade/quantidade dos produtos expostos mantém-se. Ora vejamos então o que estes senhores — que agora até têm um cartão Fnac Kid — acham que são os produtos a apresentar aos clientes mais novos:

Com 20% de desconto:
- Colecção Gerónimo Stilton
- Colecção Joe Carrot (dos mesmos autores de G. S.)
- Colecção As Gémeas (Enid Blyton)

Leve 3 Pague 2:
- Colecção Dora, a Exploradora
- Colecção Cherub
- Colecção Bolinha

Filmes:
- Entrelaçados
- Barbie
- Sammy

Jogos:
- Nintendo 3DS
- Pack acessórios Keith Kimberlin cão
- 2 jogos Pokémon

Música:
Relegada para um cantinho de uma página (sim, puseram 3 CD's de música clássica no primeiro número e agora querem mais?!?), sem texto e com fotos de séries e desenhos animados do canal panda)

Em pé de página (tipo nota) há dois eventos e três promoções especiais Fnac Kids.

Não tenho nada contra os "best sellers" acima referidos, mas não haverá nenhum livro novo, interessante e pouco conhecido?
Será preciso ocupar quase uma página inteira (se acrescentarmos o do topo da primeira página ao fim da segunda) com anúncios e fotos?
Se têm uma secção dedicada a consolas e jogos, será mesmo necessário anunciar mais jogos aqui?
Se os filmes e os jogos têm direito a texto, os livros e CD's não têm, porquê?

Mas, "Ler faz bem!" (título da p. 14) e acima de tudo, se lermos o Editorial ficamos a saber que "porque ler faz crescer, guard[aram] um cantinho muito grande para os mais pequeninos, onde o melhor da literatura lhes permitirá o desenvolvimento da imaginação e do conhecimento." (p. 3). A ideia está lá, resta-nos a esperança!

De resto, a revista fala por si — ou cala por si.

Com tanto funcionário competente nessa secção, talvez pudessem falar com eles ou fazer um daqueles destaques, como existem noutras secções da revista, com as escolhas deles. Sei lá, qualquer coisa, arrisquem, que pior é difícil.

07 abril 2011

O monstro mais assustador do mundo conhece o menino mais assustadiço do mundo


WILLEMS, Mo, Leonardo, o Monstro Terrível, Lisboa, Orfeu Negro, 2010

E quem disse que "quanto mais melhor"? 
Este livro de Mo Willems publicado na colecção Orfeu Mini é a prova de que o minimalismo às vezes resulta e resulta (neste caso, pelo menos) muito bem. Com um máximo de duas frases curtas por página e umas ilustrações que se centram sobretudo nas personagens — não há cenários, nem adereços que não sejam necessários à história — este livro conta como Leonardo, o monstro, conhece Samuel, o menino, e se tornam amigos. Tudo com imenso humor, desde a descrição da falta de jeito e dotes físicos do Leonardo para ser assustador, a forma como decide resolver o seu problema vocacional, até à resposta de Samuel quando se encontram (hilariante), ou à relação que se cria entre eles. Divertidíssimo.

O Leonardo era um monstro terrível...

Não conseguia assustar ninguém.

O Leonardo tentava arduamente ser assustador. 
Mas... Na verdade, não era.


30 março 2011

A arte do rabisco


TULLET, Hervé, The Scribble Book, Londres, Tate Publishing, 2010

Não é um livro de pintar, não é preciso respeitar as linhas e sofrer porque nunca fica exactamente como era suposto. Requer apenas lápis, canetas, ou qualquer outro material que escreva, a leitura das instruções (embora os exemplos sejam bastante explícitos por si só) e depois é só rabiscar, pelo prazer e gozo de rabiscar.

De grande formato (maior que um A4) e com um papel grosso que resiste a uma manipulação mais entusiástica ou uns rabiscos mais furiosos, este livro é um óptimo desinibidor para aqueles pequenos Picassos que ficam frustrados e se queixam de não saber desenhar. Alterna entre as páginas para rabiscar desenfreadamente (como no desenho da capa onde o objectivo é alimentar o monstro que come rabiscos, ou na página onde se tem que rabiscar a Mona Lisa), outras em que os rabiscos são mais dirigidos e controlados (rabiscar o cabelo e bigodes de umas caras, a linha que uma bola faz para entrar na baliza) e até umas fantásticas molduras para que os pequenos artistas pintem as suas obras de arte.

Por cá, a edição inglesa vende-se na Livraria Bulhosa. Se quiser saber mais sobre o autor, espreite o site.

Contracapa da edição francesa

"Tantos monstros! Que pesadelo! Rabisca por cima deles com toda a força."

"Como está o tempo hoje? Rabisca-o"

"Desenha mais pó, senão o aspirador aborrece-se..."

28 março 2011

Um livro

 TULLET, Hervé, Um Livro, Lx, Edicare, 2010

Em dia de chuva, arrume o iPad e vá brincar com este livro de Hervé Tullet. 
O livro começa com uma  página em branco com um círculo amarelo no centro e, seguindo as instruções que estão no fundo da página ("Carrega neste círculo amarelo e vira a página", "esfrega o círculo amarelo da direita" ou "E se agora sacudíssemos um bocadinho o livro?"), o nosso círculo amarelo vai se multiplicando, transformando, mudando de lugar, etc. de uma forma mágica. De uma extrema simplicidade, este Livro deslumbra os leitores mais pequenos e promete divertir toda a família que vai abanar, soprar, bater palmas, voltar ao início e recomeçar tudo vezes sem conta.



Podem ver aqui o vídeo promocional da Chronicle Books para a edição inglesa.

25 março 2011

E mais letras!

GAIMAN, Neil e GRIMLY, Gris (il.), The Dangerous Alphabet, Bloomsbury, 2009

Para os futuros fãs de Tim Burton (e de Neil Gaiman) que já lêem e já percebem inglês, este livro genial e divertidíssimo de Neil Gaiman. O texto é em verso e conta de A a Z uma aventura assustadora — ou como dizem no prólogo "A piratical ghost story" — protagonizada por duas crianças e uma gazela nos esgotos por baixo de uma cidade. Escrito no tom intemporal dos mitos, o ritmo dos versos e as suas fantásticas ilustrações transportam-nos nesta viagem da qual regressamos com pena de só haver 26 letras no alfabeto.


E agora... as letras!

BREDA, Lurdes e REIMÃO, Rute (il.), O Alfabeto Trapalhão, Lx, GATAfunho, 2010

Este é um divertido livro para quem está a aprender as letras. A cada letra do alfabeto são dedicados uns versos — "O A lembra uma casinha / Com o telhado inclinado", por exemplo — que quase sempre descrevem a sua maiúscula, ao mesmo tempo que, no interior do texto, se usa essa mesma letra em vários contextos — onde os sons diferem, como se pode ver, no caso do "c", com  "curvado", "chega" e "céu".
A acompanhar estes versos, no interior do texto podem ver-se/reconhecer-se também, destacadas a vermelho, as maiúsculas e minúsculas de cada letra. Quem queira encontrar ainda mais formas de escrever as letras do alfabeto, pode consultar as páginas de guarda onde figuram, por ordem, todas as letras em escrita cursiva.
Mais uma vez, vou deixar que as bonitas ilustrações de Rute Reimão falem por si próprias, acrescentando apenas que, se procurarem, a letra do texto está também escondida em cada ilustração.


A e B

K e L

Y e Z

Nem só de palavras se fazem livros infantis

LEE, Suzy, Espelho, Lx, GATAfunho, 2009, pp.48

Este fantástico livro, da coreana Suzy Lee — autora de Onda, também publicado pela GATAfunho — põe em cena uma menina e um espelho. Composto apenas por ilustrações, o livro usa as páginas par e ímpar para retratar a menina e o seu reflexo. As suas brincadeiras, que começam com a descoberta do outro e a imitação, vão num crescendo que culmina, a meio do livro, com a sua fusão e com a posterior independentização do reflexo, que ganha vida própria. 

Deixo-vos com algumas imagens que falam por si:






Para saber mais sobre este livro, podem ainda consultar a página da Casa da Leitura ou o site da autora